O avanço dos empréstimos com garantia em cripto

Na blockchain, sempre tem algo interessante acontecendo. Veja o que você precisa saber esta semana:
BTC cai para menos de US$ 110 mil após decisão de juros do Fed. Veja também: novos ETFs de cripto começam a ser negociados.
Empréstimos com garantia em cripto vêm ganhando força dentro e fora de Wall Street. Como eles funcionam e quais seus efeitos sobre os mercados de cripto e tradicionais.
Strategy realiza sua maior aquisição mensal de BTC do último mês. E outros dados importantes do mundo cripto.
BYTES DO MERCADO
Mercados de cripto oscilam em meio a cenário econômico complexo
Nas últimas três semanas, a volatilidade foi a principal manchete dos mercados de cripto, com preços oscilando fortemente em meio a um cenário econômico em rápida transformação. O bitcoin, que chegou a atingir US$ 115 mil na terça-feira, caiu para cerca de US$ 110 mil na quarta após o Federal Reserve anunciar o segundo corte de 0,25 ponto percentual do ano. Enquanto os mercados assimilavam a notícia, o ether também caiu, ficando abaixo de US$ 4 mil.
O que está por trás dessa instabilidade toda? Entre os principais fatores estão a redução das tensões comerciais entre os EUA e a China, os planos de corte de juros do Fed e o lançamento surpresa de novos ETFs de altcoins.
Veja as notícias que você precisa saber…
Federal Reserve anuncia novo corte de juros
Pela segunda reunião consecutiva, o Fed reduziu as taxas de juros em um quarto de ponto percentual na quarta-feira. Em seus comentários após o anúncio, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, apontou um “crescimento da atividade econômica“ e um “mercado de trabalho um pouco mais fraco”.
O Bitcoin e os mercados de ações começaram a cair durante os comentários de Powell, depois que o chefe do Fed observou que outro corte amplamente aguardado para 2025 “não é uma conclusão inevitável”.
“Nas discussões do comitê nesta reunião, houve opiniões bastante divergentes sobre como proceder em dezembro”, disse o presidente do Fed.
O Fed falou… “No geral, o cenário é bom”, concluiu Powell. “Mas, em termos da nossa política, temos riscos de alta da inflação e de queda de empregos, e isso é algo muito difícil para um banco central.”
Que outros fatores econômicos estiveram em jogo esta semana?
Os mercados dispararam no fim de semana após EUA e China delinearem os termos de um novo acordo comercial. (Quando as negociações comerciais entre os dois países desmoronaram rapidamente no início deste mês, os mercados de cripto sofreram uma liquidação histórica de 24 horas, o que ajudou a impulsionar a volatilidade das últimas semanas.)
Entretanto, na quarta-feira, a paralisação federal nos EUA ainda não dava sinais de acabar. Isso é significativo porque alguns traders saíram do dólar para investir em outras classes de ativos (incluindo as criptomoedas), no que ficou conhecido como “debasement trade” ou aposta na desvalorização da moeda americana.
O cenário mais amplo… “Acredito que os fatores macroeconômicos contribuem mais para a valorização do Bitcoin do que a sazonalidade ou o 'Uptober'”, declarou Paul Howard, da Wincent, ao The Defiant.
Novos ETFs para Solana, Litecoin e Hedera começaram a ser negociados.
Em uma medida surpreendente dada a atual paralisação do governo dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC) deu sinal verde para vários ETFs de altcoins iniciarem a negociação esta semana.
Na terça-feira, novos ETFs spot do Solana, Hedera e Litecoin foram lançados nas bolsas NYSE e Nasdaq. De acordo com a Bloomberg, os emissores de ETFs conseguiram tirar proveito de uma “peculiaridade” nas diretrizes da paralisação, “que permite que alguns registros entrem em vigor automaticamente após 20 dias”.
“As listagens antecipadas podem conferir às emissoras uma vantagem duradoura em um mercado concorrido, onde ser o primeiro a chegar pode definir o sucesso a longo prazo”, observaram os analistas da Bloomberg Intelligence, James Seyffart e Eric Balchunas.
O novo ETF do Solana da Bitwise (negociado sob o ticker BSOL) oferece staking, o que significa que as criptomoedas compradas pelo fundo podem ser utilizadas para gerar recompensas adicionais para os detentores do ETF.
SOL brilhando… O ETF do Solana da Bitwise teve um bom começo na terça-feira, com cerca de US$ 10 milhões em volume inicial. O fundo pode chegar a US$ 3 bilhões em ingressos ao longo de 18 meses “se o impulso corresponder ao ETF do BTC e do ETH”, de acordo com a CoinDesk.
CRIPTOCRÉDITO
Empréstimos com garantia em cripto estão virando mainstream
Com a crescente integração das criptomoedas ao sistema financeiro global, as stablecoins têm atraído bastante atenção, especialmente após a criação de um arcabouço regulatório para elas com a aprovação do GENIUS Act.
Mas há outra inovação que une criptomoedas e finanças tradicionais e que pode ter consequências igualmente significativas. Os empréstimos com garantia em criptomoedas, como BTC ou outros ativos digitais, estão rapidamente mudando a cara dos mercados de crédito em todo o mundo.
Só neste ano, diversas plataformas já emitiram mais de US$ 1 bilhão neste tipo de empréstimo, e grandes players como JPMorgan, Coinbase e Visa estão fazendo investimentos que podem ajudar a tecnologia a se tornar um elemento-chave da infraestrutura financeira global.
Veja tudo o que você precisa saber.
O que são empréstimos garantidos por criptomoedas?
Empréstimos garantidos por criptomoedas são exatamente o que o nome indica: empréstimos em que a garantia apresentada são criptomoedas (geralmente BTC). Assim como muitos outros tipos de crédito, eles estão sujeitos a termos que estabelecem requisitos de garantia e taxas de juros.
Mas, ao contrário da maioria dos empréstimos tradicionais, não há exigência de pontuação de crédito nem, muitas vezes, qualquer tipo de burocracia — o acesso é baseado exclusivamente no valor das criptomoedas oferecidas pelo solicitante.
Os empréstimos garantidos por criptomoedas também podem ser aprovados mais rapidamente e com condições mais flexíveis do que os tradicionais. Empréstimos com garantia em BTC já compõem um mercado de mais de US$ 10 bilhões e podem chegar a quase US$ 60 bilhões até 2031, preveem alguns analistas.
Quais são algumas vantagens e riscos dos empréstimos com garantia em cripto?
Com este tipo de produto, investidores podem acessar a liquidez de seus criptoativos sem precisar vender nenhum token.
Antes da existência desses empréstimos, fazer uma compra importante — como dar entrada em uma casa ou comprar um carro — significava se desfazer de seus bens. Agora, investidores de longo prazo do bitcoin podem contrair um empréstimo usando BTC como garantia, receber stablecoins (ou outros tokens) e usar o dinheiro como quiser. Enquanto isso, as criptomoedas da garantia continuam expostas ao mercado, sem gerar um evento tributável.
As taxas de juros dos empréstimos garantidos por criptomoedas costumam ser menores do que as oferecidas por instituições financeiras tradicionais, pois a pontuação de crédito não é levada em consideração. Além disso, a aprovação e a liberação dos fundos costuma ser instantânea.
Mas também há riscos, já que os mercados de criptomoedas apresentam períodos de volatilidade. Se o ativo usado como garantia sofrer uma queda significativa de preço, o investidor poderá precisar depositar mais ou ser forçado a liquidar, dependendo de como funciona a plataforma ou o protocolo de empréstimo.
Quem são os maiores players?
A Ledn, uma plataforma de empréstimos em bitcoin com sede em Toronto, ultrapassou recentemente a marca de US$ 1 bilhão em crédito concedido no ano, sendo quase US$ 400 milhões apenas no terceiro trimestre.
No final do segundo trimestre deste ano, a Galaxy Digital, uma empresa de capital aberto que oferece crédito garantido por ativos digitais, tinha mais de US$ 1,1 bilhão em sua carteira de empréstimos.
A Coinbase, que passou a oferecer este tipo de produto em janeiro, também ultrapassou US$ 1 bilhão concedido no final de setembro e hoje registra cerca de 15 mil carteiras ativas com empréstimos abertos na plataforma.
E até mesmo o JPMorgan, o maior banco dos EUA, está supostamente planejando permitir que clientes institucionais usem o Bitcoin e ETH como garantia para empréstimos até o final deste ano.
Para o banco, cujo CEO, Jamie Dimon, certa vez desdenhou o bitcoin chamando-o de “pedra de estimação”, a medida representa uma mudança significativa e complementar à decisão tomada no início deste ano de permitir que cotas de ETFs de criptomoedas sejam usadas como garantia para empréstimos.
Samuel Patt, um dos fundadores da plataforma de contratos inteligentes de bitcoin OP_NET, sugeriu que a medida reforça a “inevitabilidade” de produtos financeiros lastreados em criptomoedas e ressalta a crescente necessidade de instituições incorporarem ferramentas de gerenciamento de risco nativas para criptomoedas em suas operações.
“Quanto mais as instituições financeiras integrarem o bitcoin, mais terão que aprender a jogar de acordo com as regras dele, e não o contrário”, afirmou Patt.
Como elas funcionam?
A maioria das plataformas que oferecem acesso a empréstimos com garantia em BTC exige “supergarantias”, o que significa que o valor oferecido em bitcoin precisa ser maior do que o do empréstimo.
Na Coinbase, por exemplo, a garantia precisa ter 133% do valor do empréstimo, o que significa que com US$ 10 mil em garantia, seria possível obter um empréstimo de cerca de US$ 7.500. Atualmente, os usuários da Coinbase podem emprestar até US$ 1 milhão usando seus bitcoins como garantia, mas em breve o limite aumentará para US$ 5 milhões.
No entanto, se o preço do bitcoin sofrer uma queda significativa, pode ser necessário depositar mais garantia ou correr o risco de ter os ativos liquidados.
Algumas plataformas, como a Ledn, são centralizadas, o que significa que os empréstimos e as garantias são gerenciados por uma empresa financeira centralizada.
Na Coinbase, os empréstimos são processados pela plataforma descentralizada Morpho, que foi desenvolvida na rede Base (a blockchain incubada pela Coinbase). A Coinbase fornece uma interface, mas toda a gestão de capital ocorre por meio de protocolos descentralizados, nos bastidores.
Os detentores de criptomoedas também têm a opção de usar um protocolo onchain como o Morpho, Aave, ou Compound diretamente com sua carteira autocustodiada.
Resumindo...
A Visa, que investiu pesado em infraestrutura de criptomoedas, publicou recentemente um relatório que prevê um futuro onde ela poderá fornecer a infraestrutura para instituições financeiras participarem do ecossistema de empréstimos onchain.
O relatório cita a Credit Coop, uma plataforma que oferece empréstimos para empresas com base em receitas onchain, e a Huma, uma plataforma de pagamentos internacionais e crédito, como exemplos de empréstimos onchain que vão além dos casos de uso específicos para criptomoedas.
“Os empréstimos onchain reinventam os serviços financeiros ao usar contratos inteligentes em vez de instituições tradicionais para automatizar e facilitar a intermediação”, diz o relatório. “Quando combinados com stablecoins, esses produtos viabilizam novos jeitos de oferecer e tomar empréstimos com execução automatizada, liquidação quase instantânea e fluxos de capital sem fronteiras — criando, essencialmente, um mercado de crédito global que nunca fecha.”
NÚMEROS EM DESTAQUE
US$ 9 trilhões
Volume total de transações com stablecoins registradas no último ano, um aumento anual de 87%, segundo um novo relatório da firma de venture capital a16z. Observando que “as stablecoins são agora uma força macroeconômica global”, a a16z também apontou que as emissoras de stablecoins se tornaram grandes detentoras de títulos do Tesouro americano, com quase US$ 150 bilhões em reservas adquiridas como lastro para as criptomoedas.
US$ 6,3 bilhões
Volume combinado negociado pelos mercados de previsão Polymarket e Kalshi em outubro (até o dia 28 do mês), um aumento em relação aos US$ 4,3 bilhões registrados em setembro. Em uma notícia relacionada, a Bloomberg informou que a Polymarket voltará a aceitar usuários nos EUA “até o final de novembro”.
US$ 43 milhões
Valor desembolsado pela Strategy (antiga MicroStrategy) para adquirir 390 BTC na semana passada, a maior compra de bitcoin da empresa em quase um mês. A maior detentora corporativa de BTC do mundo agora possui 640.808 BTC, avaliados em aproximadamente US$ 74 bilhões.
CRIPTOCURIOSIDADES
Quando será o próximo halving do Bitcoin?
A
2025
B
2026
C
2027
D
2028
Veja a resposta abaixo.
Resposta da pergunta
D
2028










