Por que o mercado de criptomoedas caiu?

Na blockchain, sempre tem algo interessante acontecendo. Veja o que você precisa saber esta semana:
O bitcoin registrou sua queda mais acentuada do ano. Uma análise mais detalhada sobre o que desencadeou a baixa e o que os analistas estão dizendo.
Wall Street está investindo pesado em tecnologias de criptomoedas. De stablecoins a tokenização, grandes players institucionais vêm ampliando sua presença no mercado de cripto.
As stablecoins enviadas no Ethereum atingiram um novo recorde. Confira também outras estatísticas interessantes do mundo cripto.
BYTES DO MERCADO
Volatilidade abala mercados de cripto após maior evento de liquidações em 24 horas da história
Na semana passada, o BTC comemorava mais uma máxima histórica (ultrapassando os US$ 126 mil), e o ETH também se aproximava de níveis recordes (chegando a cerca de US$ 4.750). No entanto, a bonança não durou muito e, na sexta-feira, os mercados iniciaram um crash histórico em 24 horas, com a liquidação de cerca de US$ 19 bilhões em posições alavancadas — superando em muito a destruição desencadeada pela pandemia em 2020 e pelo colapso da FTX em 2022.
No sábado, o BTC havia caído abaixo de US$ 106 mil, o ETH havia caído para cerca de US$ 3.700, e uma ampla gama de tokens menores estava em baixa de dois dígitos percentuais. O Bitcoin se recuperou para cerca de US$ 116 mil na segunda-feira, mas continuou a demonstrar volatilidade desde então. Na manhã de quarta-feira, o BTC era negociado em torno de US$ 111 mil.
Mas o que vem agitando tanto os mercados? Veja o que você precisa saber…
Qual foi o motivo da queda?
Na Bytes da semana passada, explicamos o conceito de futuros perpétuos (ou simplesmente “perpétuos”), que se tornaram uma ferramenta extremamente popular entre traders que querem especular sobre os movimentos de preços (do BTC, ETH ou outras criptomoedas, por exemplo) sem precisar comprar os ativos subjacentes propriamente ditos.
Mas por que alguém preferiria comprar perpétuos em vez de simplesmente adquirir BTC ou outro token? Em parte, é porque as plataformas de perpétuos oferecem alavancagem de 10x ou mais, permitindo que um trader com 1 BTC, por exemplo, negocie 10 BTC.
Se o trade der certo, os ganhos serão amplificados. Mas isso também se aplica aos riscos: se a operação correr mal, toda a posição pode ser automaticamente liquidada pela plataforma. (Compare isso com um HODLer de BTC típico, cuja posição pode perder valor quando o mercado está em queda, mas ainda permanecerá aberta a movimentos futuros de preços.)
Mas o que isso tem a ver com a queda recente? Um dos fatores que precipitaram a atual turbulência foi o anúncio da Casa Branca, na sexta-feira, de um plano de aumentar as tarifas comerciais sobre produtos chineses para 100% após a China anunciar novas restrições à exportação de terras raras, minerais fundamentais para muitas indústrias nos EUA. (Os governos americano e chinês estão negociando e ainda não está claro quais medidas realmente serão tomadas.)
Em resposta às notícias, os mercados de criptomoedas começaram a cair rapidamente, e as apostas alavancadas começaram a ser liquidadas. Quanto mais as liquidações aumentavam, mais os mercados caíam, disparando ainda mais liquidações, em um ciclo vicioso. O resultado foi a evaporação de pelo menos US$ 19 bilhões em perpétuos (e outros trades de derivativos) em um único dia.
Mergulho rápido… “A queda repentina nos preços dos tokens fez com que os valores das garantias despencassem momentaneamente, desencadeando cascatas de liquidação massivas”, disse Marcin Kazmierczak, cofundador do provedor de oráculos de criptomoedas RedStone, em entrevista ao portal Decrypt. “Cerca de 1,6 milhão de traders viram suas posições evaporarem. Até mesmo posições que poderiam ter sobrevivido a uma queda mais gradual foram eliminadas em segundos, quando os mecanismos de liquidação das exchanges se voltaram para as posições superalavancadas.”
Como o BTC e o ETH se saíram durante essa crise?
Na segunda-feira, após a tempestade de liquidações do fim de semana, os ETFs de criptomoedas totalizaram US$ 755 milhões em saídas, de acordo com dados da SoSoValue: os ETFs de BTC perderam US$ 326,52 milhões e os de ETH, US$ 428 milhões.
Na quarta-feira, o BTC estava em baixa de 12% em relação à máxima histórica da semana passada, e o ETH foi negociado cerca de 18% abaixo do recorde registrado em agosto.
Por que o ETH caiu mais, em termos relativos? Em parte, foi porque a performance do ether vinha superando a do bitcoin recentemente, com preços impulsionados pela atenção de Wall Street aos protocolos relacionados ao ETH (mais sobre isso abaixo) e pelas empresas com tesouraria em ether, como a BitMine, que compraram bilhões de dólares em ETH nos últimos meses.
Aversão ao risco… “A punição se deve em grande parte ao recente desempenho superior do ETH e ao fato dele ser mais volátil do que o BTC”, disse Noelle Acheson, autora do boletim Crypto is Macro Now, à Bloomberg. “Se os investidores precisarem reduzir suas posições de cripto por aversão ao risco, é mais provável que vendam ETH do que BTC.”
E as altcoins?
Os mercados de altcoins foram de longe os mais atingidos: alguns tokens menores caíram até 80% antes de começarem a se recuperar. O DOGE caiu cerca de 50%, e o XRP caiu em torno de 42%.
Os tokens menores representaram aproximadamente US$ 131 bilhões dos US$ 380 bilhões eliminados da capitalização de mercado total das criptomoedas, de acordo com a 10x Research.
Queda mais pronunciada...“A venda generalizada começou com o enfraquecimento do apetite pelo risco nos mercados, mas as altcoins caíram ainda mais devido à sua vulnerabilidade inerente”, observou a Bloomberg. “Muitas delas são pouco negociadas, não têm profundidade real de compradores e dependem muito de um pequeno grupo de players para estabilizar os preços. Quando a pressão de venda se intensifica, esses compradores geralmente recuam, deixando os tokens expostos a movimentações rápidas de preços.”
WHALE STREET
Apesar da volatilidade nos mercados, o mundo das finanças institucionais continua apaixonado por tecnologias blockchain
A volatilidade das criptomoedas pode ser a grande história da semana. Mas, apesar da turbulência de curto prazo no mercado, muitas das instituições financeiras mais poderosas do mundo continuam fazendo investimentos de longo prazo em tecnologias de criptomoedas e blockchain.
Esta semana, a maior gestora de ativos do mundo se comprometeu a assumir “um papel maior” em levar as finanças tradicionais para a blockchain. “Acreditamos que precisamos avançar rapidamente [com a tokenização]”, disse o CEO da BlackRock, Larry Fink, durante uma teleconferência de resultados. “Precisamos tokenizar todos os ativos.”
Enquanto isso, vários dos maiores bancos do mundo estão planejando lançar suas próprias stablecoins; a SWIFT, rede que os bancos usam para se comunicar entre si, está construindo sua própria blockchain; e o boom de IPOs de criptomoedas não mostra sinais de desaceleração.
Mais e mais bancos querem suas próprias stablecoins
Na semana passada, um grupo de 10 dos maiores bancos do mundo (entre eles Bank of America, Citi, Goldman Sachs e Deutsche Bank) confirmou que está trabalhando em conjunto no desenvolvimento de uma stablecoin.
A notícia veio apenas algumas semanas depois de outro grupo de nove bancos europeus anunciar a colaboração para criar uma stablecoin denominada em euros.
O token planejado pelo Bank of America, Citi e outros seria, de acordo com o consórcio, “uma forma de dinheiro digital 100% lastreada em reservas que fornece um ativo de pagamento estável disponível em blockchains públicas, focado nas moedas do G7”. (As nações do G7 são EUA, Canadá, Reino Unido, Japão, Itália, Alemanha e França.)
“O objetivo da iniciativa é explorar se uma nova oferta para ampla adoção pelo setor poderia trazer os benefícios dos ativos digitais e aumentar a concorrência em todo o mercado, garantindo ao mesmo tempo a total conformidade com os requisitos regulatórios e as melhores práticas de gestão de riscos”, declarou o grupo de 10 bancos em um comunicado.
Cerca de 99% da capitalização de mercado total de US$ 304 bilhões das stablecoins é denominada em dólares americanos; em meados deste ano, o Société Générale da França se tornou o primeiro grande banco a lançar sua própria moeda estável lastreada em dólares.
As stablecoins atraíram muita atenção em Wall Street este ano, especialmente depois da aprovação da GENIUS Act nos EUA, que formaliza uma estrutura jurídica para as stablecoins.
O boom de IPOs de cripto ainda não acabou
A Securitize, uma das empresas líderes em tokenização de ativos do mundo real, está considerando abrir capital por meio de uma fusão com uma SPAC (sigla em inglês que significa “empresa de aquisição com propósito específico”). (A tokenização é o processo de colocar praticamente qualquer ativo do mundo real na blockchain e é vista como um dos maiores casos de uso potencial dos criptoativos.)
A Securitize gerencia mais de US$ 4,6 bilhões em ativos tokenizados, incluindo o fundo de US$ 2,8 bilhões em títulos do Tesouro americano onchain da BlackRock. A empresa, que recebeu financiamento de risco da BlackRock, Coinbase Ventures e outras, ainda pode optar por manter o capital fechado. Mas, se abrir o capital, ela se juntará a empresas como a Circle, emissora do USDC(que abriu o capital em junho e viu o preço de suas ações subir até 700% após seu IPO); empresa de empréstimo de blockchain Figure; exchanges de criptomoedas, incluindo a Bullish; e a empresa de investimento em criptomoedas Galaxy Digital.
Maioria das operações financeiras poderá ser executada em blockchains no futuro
Um dos pilares fundamentais do sistema financeiro atual, a Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (mais conhecida como SWIFT), está trabalhando com dezenas de instituições, entre elas JPMorgan, HSBC e Bank of America, para criar uma blockchain focada na liquidação de pagamentos em tempo real, 24 horas todos os dias.
A rede SWIFT direciona trilhões de dólares em transações, e o objetivo da blockchain, de acordo com a Bloomberg, é permitir que as instituições financeiras usem a SWIFT para operações com ativos digitais como stablecoins, depósitos tokenizados ou outros tipos de ativos tokenizados.
“Conversando com essas instituições, você sente claramente que chegou o momento de materializar a colaboração”, afirmou Thierry Chilosi, Diretor de Negócios da SWIFT.
O Google também está desenvolvendo uma blockchain para instituições financeiras que podem executar contratos inteligentes baseados na linguagem Python. A Google Cloud Universal Ledger, atualmente em fase de rede de teste, pode fornecer uma camada de infraestrutura “neutra” para conectar bilhões de usuários. "A Tether não usará a blockchain da Circle, e a Adyen provavelmente não usará a blockchain da Stripe,” afirmou Rich Widmann, chefe de estratégia de Web3 do Google Cloud. “Mas qualquer instituição financeira poderá desenvolver com a GCUL.”
E, no mês passado, a Canton, uma empresa de blockchain com foco institucional, anunciou uma parceria com a Chainlink com o objetivo de impulsionar a adoção institucional da rede, que garante mais de US$ 6 trilhões em ativos do mundo real tokenizados.
Quanto à BlackRock, a empresa está trabalhando com afinco no que o CEO da empresa descreve como “uma oportunidade de US$ 110 trilhões”. “Acredito que faremos alguns anúncios empolgantes nos próximos anos sobre como poderemos ampliar nosso papel na tokenização e digitalização de todos os ativos”, disse Fink esta semana. “Estamos dedicando bastante tempo à tecnologia. Estou tentando desenvolver nossa própria tecnologia relacionada a isso."
NÚMEROS EM DESTAQUE
1 milhão
Número de endereços de criptomoedas que enviaram stablecoins na rede Ethereum na semana passada, atingindo níveis recordes com a capitalização de mercado das stablecoins ultrapassando US$ 300 bilhões.
202.000
Quantidade de ETH (avaliada em cerca de US$ 800 milhões) que a BitMine comprou na semana passada durante a turbulência do mercado, ampliando sua liderança como maior detentora corporativa de ether, com cerca de US$ 11 bilhões no ativo. “A liquidação de criptomoedas nos últimos dias levou a um declínio de preços do ETH, do qual a BitMine se aproveitou”, observou o presidente da empresa, Tom Lee.
1%
Porcentagem do Fundo Soberano Intergeracional de Luxemburgo que será alocada a ETFs de bitcoin. Com a medida, o país se tornará o primeiro na zona do euro a ganhar exposição soberana aos fundos negociados em bolsa de bitcoin.
CRIPTOCURIOSIDADES
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