Bitcoin abaixo de US$ 100 mil: por quê?

Na blockchain, sempre tem algo interessante acontecendo. Veja o que você precisa saber esta semana:
Bitcoin cai para menos de US$ 100 mil pela primeira vez desde junho. Veja também: a “grande estreia” de dois ETFs de Solana com possibilidade de staking.
A rede Ethereum está tendo um ano excepcional. Os volumes de stablecoins estão em níveis recordes, e o próximo upgrade da blockchain vem por aí.
White paper do Bitcoin acaba de completar 17 anos. Confira também outros números e estatísticas interessantes do mundo cripto.
BYTES DO MERCADO
Bitcoin cai abaixo de US$ 100 mil, menor preço desde junho
Há apenas um mês, os HODLers do BTC comemoravam mais uma máxima histórica ao ver a maior criptomoeda em valor de mercado ultrapassar os US$ 126 mil e o valor total do mercado de cripto disparar para mais de US$ 4,3 trilhões.
Mas de lá para cá, a volatilidade tomou conta do mercado de criptomoedas por conta da incerteza gerada pela continuidade da paralisação governamental nos EUA, as negociações comerciais globais, o cenário macroeconômico misto, as oscilações do mercado após uma onda de liquidações, a forte correção no preço das ações de IA nesta semana e outros fatores.
Na terça-feira, o BTC registrou uma queda semanal de mais de 11%, ficando abaixo dos US$ 100 mil pela primeira vez desde junho. ETH, XRP, Dogecoin e Solana caíram mais de 15% no mesmo período, enquanto a capitalização de mercado das criptomoedas como um todo caiu quase 8%, chegando a US$ 3,6 trilhões.
Os preços começaram a se recuperar na quarta-feira, com o BTC subindo novamente e superando US$ 104 mil.
Mas o que vem agitando tanto os mercados? Veja as notícias que você precisa saber…
Bitcoin recua em outubro pela primeira vez desde 2018
Quando o BTC disparou no início de outubro, tudo parecia estar de acordo com o previsto. Afinal, a alta no décimo mês do ano já era tão esperada que ganhou o apelido de “Uptober”. Mas a volatilidade das próximas semanas acabou apagando todos os ganhos do início do mês e levando ao primeiro outubro vermelho do bitcoin desde 2018.
Mas o que está acontecendo? Um dos principais catalisadores foi um crash de 24 horas em outubro que resultou na liquidação de US$ 19 bilhões em futuros perpétuos. Desde então, relata a Bloomberg, “os traders continuam só observando” enquanto os mercados de cripto lutam para recuperar terreno.
De acordo com um analista, “a queda do bitcoin para as mínimas de junho reflete uma estrutura de mercado que ainda luta contra o impacto psicológico do imenso evento de liquidações em outubro, que alterou fundamentalmente a forma como os participantes interagem com a tendência de baixa predominante”.
Outro fator, segundo a Bloomberg, foi o fato de algumas “baleias” do BTC estarem aproveitando os preços historicamente altos para vender parte de suas criptomoedas e realizar lucro. De acordo com a 10x Research, cerca de US$ 45 bilhões em BTC foram vendidos no último mês.
O lado bom… A longo prazo, alguns analistas sugerem que a atividade de liquidação pode estar acertando os ponteiros do mercado para alcançar o sucesso no futuro. “Acreditamos que a expulsão de posições alavancadas nas últimas semanas ajudou a preparar o terreno para uma valorização gradual nos próximos meses”, observa o último relatório mensal da Coinbase Institutional. “Acreditamos que fatores macroeconômicos favoráveis, como os cortes de juros do Fed, o aumento da liquidez e as mudanças regulatórias pró-cripto de iniciativas como as leis GENIUS/CLARITY ainda reforçam uma perspectiva otimista, podendo estender o ciclo até 2026.”
ETFs de BTC continuam a perder capital
Enquanto isso, os fundos negociados em bolsa (ETFs) do BTC e ETH, que ajudaram a desencadear o último boom das criptomoedas, também registraram saídas líquidas no último mês. O ETH, no entanto, registrou US$ 133 milhões em entradas na semana passada, de acordo com o relatório mais recente da CoinShares, possivelmente auxiliado pelo último corte de taxas de juros do Federal Reserve.
Já a retirada de US$ 851 milhões de ETFs de BTC na semana passada pode ter sido uma reação dos traders à sugestão do presidente do Fed, Jerome Powell, de que outro corte em 2025 não é garantido, afirmou o principal analista da CoinShares.
Forças de mercado… Jeff Kilburg, CEO da KKM Financial, contextualizou a queda do bitcoin e das ações na terça-feira. “A proliferação dos ETFs de bitcoin tornou a compra da criptomoeda mais acessível a todos, então acredito que muitas pessoas a estejam incluindo em suas carteiras”, disse Kilburg à CNBC. “Portanto, faz todo o sentido vermos uma pequena correção no preço do bitcoin.”
ETFs do Solana fazem sua "grande estreia"
Mas nem tudo são más notícias. O lançamento surpresa de vários ETFs de altcoins na semana passada resultou em uma nova e importante categoria de criptoativos: ETFs spot do Solana.
Os novos fundos BSOL da Bitwise e GSOL da Grayscale — ambos oferecendo staking com compartilhamento de recompensas com os cotistas — começaram a negociar na terça-feira e registraram mais de US$ 200 milhões em entradas acumuladas já na primeira semana (ainda que encurtada).
A captação total do BSOL, que totalizou cerca de US$ 420 milhões incluindo o capital inicial, fizeram dele o ETF de cripto com melhor desempenho da semana, o 16º ETF com a maior alta semanal em geral e uma das maiores estreias de ETFs de 2025.
“Que semana para o $BSOL! Além do grande volume, ultrapassou com folga todos os outros ETPs de cripto em fluxos semanais”, disse o analista da Bloomberg, Eric Balchunas. “Foi uma grande estreia.”
XRP é o próximo?... Há dezenas de outros ETFs de criptomoedas aguardando aprovação, e vários emissores desse tipo de fundo estão particularmente otimistas em relação aos fundos do XRP. Matt Hougan, CIO da Bitwise, disse que um ETF do XRP poderia “facilmente se tornar” um fundo de um bilhão de dólares em seus primeiros meses.
DE OLHO NO ETH
Embora o preço do ETH possa estar em baixa, os fundamentos da blockchain estão mais fortes do que nunca
Assim como grande parte do mercado de cripto, o ETH anda em baixa ultimamente. O ether caiu mais de 22% no último mês e tem tido dificuldades para se recuperar desde o evento massivo de liquidação de criptomoedas no mês passado.
Mas, à parte das oscilações de curto prazo, existem bons motivos para manter o otimismo em relação à criptomoeda, e não apenas por conta da ascensão das empresas com tesouraria em ETH neste ano.
A blockchain Ethereum abriga a maior parte da atividade de stablecoins, cujos volumes acabaram de bater um recorde histórico. A rede também é fundamental para a tokenização de ativos do mundo real, uma tendência que gigantes de Wall Street, incluindo a BlackRock, veem como o futuro das finanças. E, neste ano, mais desenvolvedores trabalharam em projetos compatíveis com o Ethereum do que em qualquer outra blockchain.
Veja o que você precisa saber.
Volume mensal negociado de stablecoins no Ethereum bate recorde
As stablecoins registraram um volume recorde de US$ 2,8 trilhões só no Ethereum no mês passado, apesar da volatilidade do mercado de cripto em outubro.
O USDC, a stablecoin emitida pela Circle, foi de longe a moeda estável mais popular da rede, com mais de US$ 1,62 trilhão em volume mensal, um aumento de 45% em comparação com o mês anterior.
A disparada, segundo alguns analistas, esteve parcialmente relacionada à queda do mercado. Os investidores estão “preparando capital para alocar a narrativas emergentes, usando stablecoins para fazer hedging e gerar rendimentos nesse meio tempo”, afirmou Vincent Liu, CIO da Kronos Research.
O uso dos tokens fora da simples negociação, como pagamentos e transferências internacionais, também aumentou consideravelmente desde a aprovação da GENIUS Act pelo Congresso americano em meados do ano. Com isso, o uso de stablecoins para pagamentos cresceu cerca de 70%, de acordo com um relatório recente da Artemis.
(A GENIUS Act é a primeira lei federal nos EUA criada especificamente para regulamentar as stablecoins lastreadas em dólar.)
Ethereum pode hospedar “grande maioria” dos ativos tokenizados, dizem analistas
A tokenização é o processo de criação de tokens digitais em blockchains para representar ativos do mundo real (RWAs), como ações, títulos ou outros instrumentos financeiros. Muitos analistas a veem como a próxima fronteira para as criptomoedas.
Um novo relatório da Standard Chartered prevê que os ativos tokenizados podem se tornar um mercado de US$ 2 trilhões até 2028, a “grande maioria” deles rodando na rede Ethereum. A confiabilidade da blockchain, sua crescente adoção em Wall Street e sua compatibilidade com inovações nativas de criptomoedas, como contratos inteligentes e DeFi, colocam a rede em uma posição forte para aproveitar o boom da tokenização.
“As stablecoins abriram caminho… para que outras classes de ativos, desde fundos do mercado monetário tokenizados até ações tokenizadas, migrem para a blockchain em grande escala”, afirma o relatório.
Tokenização já avança a passos largos
A BlackRock já tokenizou um fundo de mercado monetário de quase US$ 3 bilhões no Ethereum; a tokenização de imóveis e ouro está ficando mais comum; e plataformas como a Ondo Finance oferecem acesso a mais de 100 ações tokenizadas de grandes empresas para usuários fora dos EUA.
A Securitize, que firmou parceria com a BlackRock em iniciativas de tokenização, também está lançando um fundo de crédito tokenizado no Ethereum com o banco BNY Mellon.
Atividade no Ethereum está em plena expansão
Os dados onchain indicam um ecossistema Ethereum cada vez mais robusto e que está atraindo novos desenvolvedores, usuários e casos de uso.
Até agora neste ano, a rede já adicionou mais de 16 mil desenvolvedores ao seu ecossistema, elevando o total para mais de 31 mil e consolidando seu status como principal blockchain para novos desenvolvedores.
O Ethereum registra médias diárias de quase dois milhões de transações e mais de 500 mil carteiras ativas, ambas próximas às máximas históricas.
As taxas de transação também ficaram perto das mínimas históricas durante todo o ano, um sinal de que as atualizações da rede melhoraram significativamente sua escalabilidade.
Ao mesmo tempo, as redes de segunda camada do Ethereum, como a Base (incubada pela Coinbase), estão registrando alta atividade, sendo que as cinco principais L2 do Ethereum contabilizaram cerca de 750 milhões de transações no último mês.
O que está por vir para o ETH?
Apesar da correção no mercado de cripto, os fundamentos do Ethereum continuam a se fortalecer na reta final de 2025.
O segundo grande upgrade da rede no ano, Fusaka, está previsto para ser lançado em 3 de dezembro e visa reduzir os custos para desenvolvedores, instituições e usuários de varejo que utilizam redes de segunda camada conectadas ao Ethereum. Alguns desenvolvedores estão comparando a atualização Fusaka ao tão aguardado Merge de 2022, que marcou a transição do ETH para a prova de participação (proof-of-stake) .
“É com certeza uma atualização que se compara até mesmo ao Merge em termos do quanto estávamos esperando a integração dessa importante tecnologia de escalabilidade ao Ethereum”, afirmou Dankrad Feist, co-líder da equipe de arquitetura de protocolo da Fundação Ethereum.
NÚMEROS EM DESTAQUE
641.207 BTC
Quantidade de bitcoins (avaliada em aproximadamente US$ 70 bilhões) que a Strategy contabiliza em seu balanço patrimonial após a recente adição de 397 BTC. A empresa fundada por Michael Saylor é, de longe, a maior detentora corporativa de bitcoin: em um segundo lugar distante está a MARA Holdings, com 53.250 BTC (cerca de US$ 5,7 bilhões).
17
Número de anos completados em 31 de outubro desde a publicação do white paper original do Bitcoin, de Satoshi Nakamoto. O documento deu início à jornada do BTC, que começou como um experimento em dinheiro online descentralizado e hoje é um ativo avaliado em mais de US$ 2 trilhões.
US$ 5
Valor em BTC que os compradores do “Bitcoin Steakburger” nos restaurantes Steak 'n Shake podem receber. A rede passou a aceitar criptomoedas no início deste ano e agora planeja acumular uma reserva de BTC. “As vendas nas mesmas lojas tiveram aumentos percentuais de dois dígitos tanto no segundo quanto no terceiro trimestre deste ano, um crescimento que a marca atribuiu em parte ao fervor demonstrado pela comunidade do Bitcoin”, observa a Decrypt.
CRIPTOCURIOSIDADES
O que é custo médio em dólares?
A
Uma estratégia de investimento gradual que não exige “adivinhar o timing do mercado”
B
Um método para automatizar as compras de criptomoedas na Coinbase
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Uma maneira de investir um determinado valor com frequência regular
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Resposta da pergunta
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